sexta-feira, 24 de abril de 2009

Admirável mundo novo!


Estive pensando sobre esse livro excelente que li a muuuitos anos atrás.
Hoje imagino que a proposta futurista de Aldous Huxley, tem fundamentos antropológicos muito fortes.
Pensem comigo. Em uma sociedade onde os seres humanos são tidos mais como máquinas do que como animais, os ¨problemas sociais¨ da espécie, tais como pobreza, impacto ambiental gerado por maus costumes, e até mesmo a violência, tenderiam a desaparecer.
As paixões, que geram todos os sentimentos destrutivos como egoísmo, ciúmes e negligência social, não teriam mais razão de ser.
Pra começar, a proposta diminui ou extingue a paixão e possessividade da relação pais e filhos, pois a reprodução da espécie como um todo, nessa proposta, cabe à coletividade. Dessa forma, o amor mais forte que existe, o existente entre pais e filhos, passaria a ser difuso e incidiria sobre a sociedade como um todo.
O pai, ou mãe, não teriam que se preocupar em garantir um retiro limpo, sem poluição e seguro para os seus filhos, e sim, passariam a se preocupar em manter limpo o planeta, pois saberiam que seus filhos estariam por aí.... vivendo nesse planeta, e procurariam mantê-lo limpo e saudável para seus filhos.
Ao invés de escolher um cantinho no paraíso para viver com sua família, e ir poluindo esse cantinho, sabendo que depois poderia se mudar com sua família para um lugar mais limpo, teriam a consciência, que o lixo que deixassem para trás, em qualquer lugar do mundo, afetaria sua descendência diretamente, pois, sem poder saber quem é essa descendência, veriam a todos os jovens como seus filhos.
O mesmo ocorreria no quesito violência. Um indivíduo jamais seria capaz de roubar ou matar alguém, pois saberia que esse alguém poderia ser seu próprio filho, ou pai...
É uma linda proposta antropológica, em todos os termos, inconteste, na minha opinião.
Libertaria o ser humano das garras do egoísmo das paixões, despertaria na espécie o senso de preservação da coletividade.
Em termos sociológicos, é igualmente benéfico.
O homem (e mulher)teria sua atenção voltada para o trabalho.
É sabido desde tempos imemoriáveis que o trabalho dignifica o homem (e mulher).
No fundo, todos se sentem divididos entre trabalho e família.
Ninguém sente que tem tempo suficiente para fazer as duas coisas bem feitas.
A imersão do ser humano em uma realidade em que sua família é cada coletividade com quem se relaciona no tempo que tem, ou seja, estar no trabalho seria estar em família; estar no clube seria estar em família, etc. Isso daria ao homem (e mulher), a deliciosa sensação de plenitude, de dever cumprido ao final de cada dia.
Parece que o ser humano está sempre em busca de multiplicar o seu tempo, busca essa com um objetivo impossível.
Como reduzir esse dilema da humanindade?
A proposta de Aldous Huxley é bastante honesta a esse respeito.
É claro que essa simples proposta, feita em 1932, tornou-se chocante. Como qualquer ideia visionária, gerou reações contrárias também.
Vejo essa ideia como a instauração da ficção científica popularizada.
Vejo que a partir desse momento, a ficção científica passou a poder ser um ¨lazer¨, passou a poder entreter o ser humano.
Como ficção, é claro. Mas passou a poder fazer parte do imaginário popular.
E o que dizer dos avanços da humanidade a partir da possibilidade de se pensar sobre essas propostas tidas como absurdas????
A revolução tecnológica fundamentou-se na criatividade e conteúdo originados onde?
Na própria ficção.
Hoje vivemos num mundo que vem amadurecendo a partir dos estímulos que o pensamento criativo gerou.
E o pensamento criativo, ou ficção, continua evoluindo.
É nisso que se pode observar a vastidão do poder da mente humana.
Hoje, podemos afirmar que o pensamento criativo não se esgota, sempre cria mais e mais situações fictícias, ou futuristas.
Podemos atrelar a ficção ao futuro, nesse momento, pois o processo criativo funciona assim: _ O homem pensa sobre o que vê, e cria fundamentado no que pensou.
E a criação é sempre um avanço.
O velho lema: A vida imita a arte. E a arte retrata a vida.
E o ser humano é também capaz de admirar o que não entende. Isso é fundamental.
Talvez ninguém tenha entendido ¨Admirável Mundo Novo¨ por muitos anos.
Ainda estamos tentando entender em alguns aspectos.
Mas seguimos um caminho estranhamente orientado em direção ao que a ficção apregoou.
Liberdade pessoal (que gera uma cumplicidade social), honestidade e progresso.
E a criatividade humana não se esgota aí. Os visionários da atualidade criaram ¨Matrix¨.
Muito bom saber, que, apesar dos seus erros, a humanidade progride, o pensamento humano progride, e, a repercursão social do pensamento humano acontece.
Cada vez mais rapidamente, levando-se em consideração que os primeiros visionários do mundo fundaram as ciências, e hoje a ciência é nosso instrumento de expressão de ideias.
Salve Galileu Galilei. Salve Isaac Newton, Leonardo, Einsten, Graham Bell, Thomas Edison, Aldous Huxley, Padre Landel...

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